Arte para ser vista, nem sempre foi este o lema que movia a intenção dos artistas. Algumas peças de arte eram para fruição de poucos ou de difícil apreensão. Embora, muita da arte tenha sido pensada para aproximação de muitos e da multidão.
Neste caso, à primeira vista pareceu-me de impossível visão. Fiquei sem perceber! Porém na segunda leitura fui capaz, pela leitura e explicação, seguir a exposição que está na 3 +1 ARTE CONTEMPORÂNEA, La cosa che vuoi dirmi è bella o brutta?, (A coisa que me queres dizer, é boa ou má?) a primeira exposição individual do artista JOÃO FERRO MARTINS no espaço da galeria.
Assim, vale a pena visitar!
Um conjunto de vários cenários domésticos e fictícios define os alicerces da exposição. Seis narrativas permeiam o espaço da galeria por entre pintura, escultura, instalação, colagens e uma peça sonora. Enquanto navegamos pela sala, as obras compostas por e de objectos comuns oferecem familiaridade e credibilidade aos relatos do artista, permitindo também que o espectador crie histórias alternativas à medida que estabelece as suas próprias associações com os objectos e com o som que invade o espaço.
João Ferro Martins recolheu, reuniu e seleccionou objectos de aparente uso diário para a realização das obras apresentadas. O recurso ao som, transmite à exposição referências teatrais, especificamente literárias. Esta referência é evidente no título da exposição já que o questionamento anedótico oferece o mote para revelar histórias e fornece a pausa necessária que possibilita a abertura a diferentes caminhos de interpretação e envolvimento por parte do espectador.
Enquanto o som das seis narrativas enche o espaço, um enredo estabelece-se como se fossemos cúmplices do mundo privado do artista. Desta maneira, uma outra camada é adicionada contaminando todas as outras peças, colocando o espectador num lugar particular, reforçando assim referências a situações domésticas ou a locais de residência. Este discurso algo radiofónico coloca o espectador numa situação que dependendo do contexto da narrativa, cria várias associações enquanto vemos as obras fisicamente pelo espaço expositivo.
Exposição patente até dia 10 de Maio
Rua António Maria Cardoso 31 – Chiado
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